segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Porto Acre


Ao anoitecer de 14 de julho na pequena cidade de Porto Acre, localizada a 57 quilômetros de Rio Branco, crianças, jovens e adultos permaneceram de pé por mais de duas horas na Rua Luiz Galvez com disposição incomum para ouvir historiadores e acompanhar o sorteio de um fogão entre 10 moradores.

Foi mais um feito da Confraria da Revolução Acreana, movimento iniciado em 2008 com quatro gatos pingados, mas que cresce com surpreendente capacidade de mobilizar pessoas de todas as idades para ressuscitar a história do Acre e de seus principais insurretos.

Em 24 de janeiro de 2009, a entidade fez lembrar a data em 1903 em que o coronel Plácido de Castro avançou com um improvisado exército de seringueiros contra as tropas bolivianas, garantindo a posse definitiva do Acre pelos brasileiros. No dia 1º. de maio promoveu a encenação do episódio mais antigo, no qual o advogado cearense José Carvalho conduziu a primeira insurreição acreana contra a aduana da Bolívia instalada em Puerto Alonso, hoje Porto Acre.

Embora deixe a impressão de que não tem condições de promover muita coisa, a Confraria encabeçada por Abrahim Farhat, o Lhe, e pelo Luiz de Vasconcelos (que não se acanha de se apresentar como Chico Doido) chama atenção cada vez mais para o pequeno município que é começo e fim das insurreições acreanas, ainda que permaneça, historicamente, negligenciado por filhos ingratos no poder.

Que pena! Mas surgem sinais de mudança: no evento de terça-feira o historiador Daniel Klein esteve lá representando o governo e repassou informações animadoras. O Estado vai fazer em breve o inventário histórico-cultural do município e já decidiu realizar, na cidade, a última etapa da 1ª. Conferência de Cultura prevista para os dias 20 e 21 de agosto.

Isso bate com as idéias do professor e doutor em história, Valdir Calixto, atraído pela Confraria e que proferiu uma aula de mais de duas horas de duração no meio da rua afirmando que Porto Acre “é um valioso capital histórico a ser alimentado e multiplicado por ações públicas e privadas”.